sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CARIDADE

Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos viu que só lhe restava uma simples moeda de dez centavos, e tinha fome. Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, ficou nervoso quando uma encantadora mulher jovem lhe abriu a porta. Em vez de comida, pediu um copo de água.
    Ela pensou que o jovem parecia faminto e assim lhe deu um grande copo de leite. Ele bebeu devagar e depois lhe perguntou:
    – Quanto lhe devo?
    – Não me deve nada – respondeu ela.
    E continuou:
    – Minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa.
    Ele disse:
    – Pois lhe agradeço de todo coração.
    Quando Howard Kelly saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente, mas também sua fé em Deus e nos homens ficou mais forte. Antes, ele já estava resignado a se render e a deixar tudo de lado.
    Anos depois, essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos. Finalmente enviaram-na à cidade grande, onde chamaram um especialista para estudar sua rara enfermidade. Chamaram o dr. Howard Kelly.
    Quando escutou o nome do povoado de onde ela viera, uma estranha luz lhe encheu os olhos. Imediatamente, vestido com a sua bata de doutor, foi ver a paciente. Reconheceu imediatamente aquela mulher. Determinou-se a fazer o melhor para salvar aquela vida. Passou a dedicar atenção especial àquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha.
    O dr. Kelly pediu à administração do hospital que lhe enviasse a fatura total dos gastos para aprová-la. Ele a conferiu e depois escreveu algo e mandou entregá-la no quarto da paciente.
    Ela tinha medo de abri-la, porque sabia que levaria o resto da vida para pagar todos os gastos. Finalmente, abriu a fatura e algo lhe chamou a atenção, pois estava escrito o seguinte:
     “Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite. (a) Dr. Howard Kelly.”
    Lágrimas de alegria correram-lhe dos olhos e o coração feliz orou assim:
     “Graças, meu Deus, porque Teu Amor se manifestou nas mãos e nos corações humanos.”

* * *
    A caridade é a manifestação do amor. Vai muito além do dever e dos interesses pessoais. É um ato de puro desprendimento, de consideração pela dor do próximo. A única recompensa que interessa a quem a pratica é a alegria e o bem-estar da pessoa ajudada.
    Todo bem que fazemos, por mínimo que seja, atrai para nós o bem. É o efeito da lei de ação e reação. Mais cedo ou mais tarde, teremos o resultado do esforço para ser bons, honestos e trabalhadores.
    Da mesma forma, quando semeamos espinhos e discórdias, miséria e destruição, haveremos de ser convocados à reparação dos nossos erros pela justiça humana ou pela justiça divina. E, sem dúvida, não gostaremos de passar pelo sofrimento necessário ao resgate das dívidas.
    Hoje, quando o sofrimento toma conta de muitos lares, bem próximos de nós, devemos encontrar, na prática da caridade, uma grande oportunidade, uma bênção de Deus, para que possamos desenvolver a capacidade de amar e, assim, nos aproximarmos da felicidade.
    Não só a caridade material de dar um prato de comida, uma roupa ou algumas moedas. Mas principalmente a caridade moral, de saber ouvir ou de confortar com palavras de bom-ânimo, de estar presente nas horas difíceis ou de ensinar o ignorante.
    Sejamos capazes de compreender e auxiliar o próximo no alívio de seu sofrimento, porque, com certeza, também precisamos, ou um dia precisaremos, ser consolados por alguém ou por Deus.

Por Donizete Pinheiro, no livro Terapia da paz

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