segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NASCIMENTO: OPORTUNIDADE PARA CRESCER

"Não nascemos do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus"- (João 1:13).

O nascimento é a introdução do sopro, a animação da matéria, a sua fecundação pela energia cósmica. Esta, com a sua sabedoria, torna possível o entendimento, mediante a consciencialização da matéria.

Ao nascer na Terra, o ser vai paulatinamente adquirindo consciência, dando-a assim à vida, antes inconsciente. O sopro vital, responsável pela intersecção da luz com a vida ou elemento terreno, unifica aqueles dois componentes primordiais do ser, tudo ligando em unidade. E o amor, terceira ponta do triângulo construtor das formas, e que surgiu quando a luz e a vida se ligaram entre si.

"Quando tu, ó Sol, te pões no ocidente dos céus, o mundo está em trevas, como os mortos. Brilhante fica a terra quando te elevas no horizonte; quando brilhas como Aton durante o dia, as trevas são dissipadas.  Quando projetas os teus raios, os dois mundos se põem em festa. Vês teus povos acordados de pé, porque tu os levantaste!" (Salmo de Akhenaton).
 
Em cada dia, o sol surge no horizonte, fecundando com a sua esplendorosa energia a massa adormecida da terra, as plantas, os animais, os homens e todas as formas existentes podem então se manter vivas. Um nascimento ocorreu, o do dia que se inicia. Este mesmo processo serepete em todos os domínios da existência, porque a lei cósmica é uma só, e o elemento positivo deverá animar sempre o negativo, para que uma nova manifestação surja no mundo da forma, onde o amor se revela.
 
O homem, unindo-se com a mulher, pela força atrativa do amor, construirá um novo corpo humano, resultado e sinal desse mesmo amor, possibilitando a emanação de uma personalidade-alma, que virá adquirir um maior nível de consciência e delinear a sua participação amorosa no mundo, já que tudo aquilo que neste plano se revela é obra do Amor, terceira ponta do Sagrado Triângulo, emque as outras são a Luz e a Vida.
 
O nascimento é o Big-Bang da criação, é a explosão inicial da matéria prenhe de energia, sendo o sopro vital o sinal visível dessa animação, que perpassa todos os seres, ligando-os no mar cósmico da respiração universal, onde todos os pensamentos, sentimentos e atos da humanidade se registram, no banco de dados do inconsciente coletivo.

O mundo vai assim sendo definido, através desta mente coletiva, que a toda a hora se renova, se cria, nasce. O nascimento é constante, e a todo o momento, o mundo em que vivemos pode mudar com novas ações criativas. E preciso, pois, percebermos a importância das nossas individuais contribuições. Quando nos foi dado um corpo e a expiração da Alma Universal deu origem à primeira inspiração, iniciamos a viagem das iniciações permitidas pelas experiências neste plano de existência, de forma a podermos renovar a face da Terra.
 
A obra foi-nos facultada, através do exercício do livre-arbítrio, e se é com dor que o nascimento do corpo se opera, é também pela dor que a obra terá de ser realizada, embora a compensação e a alegria sejam o resultado, tal como o é a manifestação de vida que qualquer corpo contém, premiando e justificando a dor do seu nascimento.

"As vicissitudes pelas quais passamos são o remédio para restabelecer a harmonia e ligação entre Deus e o Homem. Esse remédio é composto por dois ingredientes em conformidade com a nossa doença, que é um agravamento do bem e do mal que trazemos. Esse remédio é amargo, mas é o seu amargor que nos cura, porque essa parte amarga, que é a justiça, une-se ao que há de corrompido no nosso ser, para lhe proporcionar a retificação; ao passo que aquilo que há de regular em nós une-se por sua vez ao  que há de doce no remédio e a nossa saúde é restaurada. É preciso ainda usarmos esse remédio amargo que os ministros espirituais da sabedoria nos fazem ingerir, para provocar uma sensação dolorosa que se poderia chamar de febre de penitência, mas que acaba na doce sensação da vida e da regeneração"
(Louis-Claude de Saint-Martin).
 
O sofrimento é apanágio deste plano de vida, porque ele proporciona consciência e é sinal da 
interiorização das experiências, muito embora o sejam também a alegria e todas as emoções.
 

São estas que conferem verdadeira natureza ao ser que as vive, embora se torne necessária a concorrência do pensamento e da dinâmica fisiológica, para que elas surjam. O sofrimento é sinal de resistência à mudança implícita no processo de consciencialização. Se a nossa personalidade reage ao salto evolutivo que se impõe que seja feito diariamente, teremos a dor por resposta, que nos mostra assim o que importa ser aprendido para que a evolução prossiga. 

A recusa à obediência à ordem cósmica tem este efeito corretor, que obriga à consciencialização daquilo que importa entender. A entrada neste plano existencial é feita através da dor, porque a expansão que o nascimento implica, encontra sempre a resistência da forma, que tende para a cristalização e a inércia.
 
Os dois momentos cruciais da existência do homem, o nascimento e a morte, correspondem às suas duas principais iniciações, possibilitando ambas a evolução, que se processa em sucessivos nascimentos e mortes. Situado na dimensão espaço-temporal, o movimento oscila entre um início e um fim, assistindo-se assim a sucessivos nascimentos e mortes no desenrolar do nosso quotidiano.E esta a lógica da natividade, o início perene e prometedor em tudo o que existe, porque os dois pólos antagônicos, do nascimento e morte, são uma ilusão dos sentidos e da mente, já que a morte é um início de uma realidade diferente e o nascimento é a morte de algo que se transformou em vida.

Neste ciclo infinito de morte e vida, insere-se a ideia de reencarnação, ou seja, a vida renascendo após a morte, e sendo esta o despertar para novo plano de existência. De cada vez que nascemos, após uma outra morte, temos nova oportunidade de crescimento, na eterna espiral evolutiva. E renasceremos sucessivamente, até que consigamos fazer nascer em nós o Cristo que nos habita. 

"Havia entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. De noite, Nicodemos foi ter com Jesus e disse-lhe: "Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus, porque ninguém pode fazer esses sinais que Tu fazes, se Deus não for com Ele". E Jesus, respondeu e disse-lhe: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus". E disse-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe?" - "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne, o que é nascido do espírito, é espírito" (João 3:1 e 4).
 
Este homem novo terá de ser concebido e gerado no seio de nós próprios, amorosa e pacientemente, através de esforços diários de autoaperfeiçoamento. Alimentaremos o novo ser em formação, espiritualizando as nossas tarefas terrenas, aliviando o sofrimento alheio, contribuindo para a evolução da mentalidade dos seres humanos e aceitando o plano da vida que teremos de traçar. Serão, pois, as experiências quotidianas o laboratório de que a vida se serve para o fim em vista, tendo em mente que todas elas são verdadeiras iniciações a um grau mais elevado de consciência. Paulatinamente, irá ocorrendo a transformação do ser e o novo nascimento ocorrerá quando morrer definitivamente o homem velho, com a sua personalidade terrena, dando lugar ao Deus menino que estava adormecido em nós.
 
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez de novo"
(Corintios 5:17).
 
Só então, e porque a luz surgiu, não serão precisos novos nascimentos e mortes, já que a dimensão espaçotemporal foi transcendida. 

"E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos e os observeis" (Ezequiel 36:26-27).

Revista Rosacruz 289, outono 2009

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O EFEITO DO AMOR

O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo ardentemente interessado em obras de caridade, admoestou-o, dizendo que ele, não espírita, desistira da beneficência, desde muito.

E alegava que todos os gestos de bondade que praticara somente haviam encontrado a secura como resposta.

Sempre ingratos por toda parte.

O espírita, no entanto, chamou-o à rua e deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de passagem.

O amigo, embora contrafeito, atirou a curiosa vianda para o animal, com marcante desprezo.

O cachorro aproximou-se da oferta, abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado, rabo entre as pernas.

O espírita tomou de osso igual para socorrer outro cão esfaimado na via pública.

Entretanto, mudou de jeito. Chamou o animal com carinho humano. Dirigiu-lhe palavras amigas. Alisou-lhe o pêlo. Afagou-lhe as orelhas. E deu-lhe o bocado com as próprias mãos.

O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu lado, contente, a lamber-lhe as mãos. E ambos os amigos anotavam, admirados, o efeito do amor no gesto beneficente.

*

Estenda, sim, quanto puder, as obras de caridade. Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.

Por Valérium
In Bem-Aventurados os Simples
psicografia de Waldo Vieira, Ed. FEB

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PARAR, ACALMAR-SE E CURAR-SE

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda — para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito (vashana) acaba vencendo e nos levando de roldão.Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto.Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação — shamatha — é fazer parar.A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro. O Buddha ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:
Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".
Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente.
Acolher: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.
Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.
Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.
Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada — repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar. A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buddha disse: "Meu Dharma é a prática do não-fazer." Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

Thich Nhat Hanh. The heart of the Buddha's teaching - transforming suffering into peace, joy, and liberation:the four noble truths, the noble eightfold path and other basic Buddhist teachings. Broadway Books: New York, 1999.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

FENÔMENOS MEDIÚNICOS DENTRO DA BÍBLIA

Desde que os Espíritos alcançaram condição para prosseguir na sua caminhada evolutiva, através das múltiplas reencarnações, na espécie humana, o homem há recebido, pela intuição ou por outros meios que lhe facultam os sentidos, comunicações do plano espiritual.
Quando manuseamos a Bíblia, livro considerado sagrado pelas religiões cristãs, encontramos nela expressos inúmeros fenômenos mediúnicos, fenômenos esses classificados, hoje, nas mais variadas categorias.
1 - VOZ DIRETA
Este fenômeno encontramos relatado em Êxodo, 20:18, que diz: “Todo o povo, porém, ouvia as vozes e via os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando: e amedrontado e abalado com o pavor parou longe.”
Em Apocalipse, 1:10, lemos: “Eu fui arrebatado em espírito um dia de domingo, e ouvi por detrás de mim uma grande voz como de trombeta”...
2 - MATERIALIZAÇÃO
A luta de Jacó com um Espírito é um fenômeno típico de materialização, pois esta só poderia realizar-se na condição do relato bíblico, se o Espírito contendor se encontrasse materializado (Gen. 32:24).
3 - PNEUMATOGRAFIA OU ESCRITA DIRETA
Por ocasião em que se realizava um banquete oferecido pelo rei Baltazar, ao qual compareceram mais de mil pessoas da corte, no momento em que bebiam vinho e louvavam os deuses, apareceram dedos que escreviam de fronte do candeeiro, na superfície da parede da sala do rei, o qual via os movimentos da mão que escrevia (Daniel, 5:5).
4 - TRANSPORTE
O profeta Elias alimentou-se, graças a um anjo que lhe depositava, ao lado, pão cozido debaixo de cinza (Reis III, 19:5,6).
5 - LEVITAÇÃO
Em Ezequiel, 3:14, lemos o seguinte: “Também o Espírito me levantou e me levou consigo; e eu me fui cheio de amargura, na indignação do meu Espírito; porém a mão do Senhor estava comigo, confortando-me.”
Felipe é levado, também, pelo Espírito do Senhor, após receber o batismo (Atos, 5:39).
Estes fatos enquadram-se, perfeitamente, na classe dos fenômenos de levitação e transporte, obtidos, no século passado, pelo notável médium Daniel D. Home e outros.
6 - TRANSE
No cap. 15:12 e 13, do Gênese, encontramos o seguinte fato: “Ao pôr do sol, vem um profundo sono sobre Abraão, e um horror grande e tenebroso o acometeu, e lhe foi dito: saiba desde agora que tua posteridade será peregrina numa terra estrangeira, e será reduzida à escravidão, e aflita por quatrocentos anos.”
Daniel também cai em transe e tem visão (Daniel 8:18).
Saulo, a caminho de Damasco, cai em transe e ouve a voz do Senhor (Atos, 9:3 e seguintes).
7 - MEDIUNIDADE AUDITIVA
Moisés, no monte Sinai, ouve a voz dos Espíritos, julgando ser a do próprio Deus. (Êxodo, 19:29,20).
Jesus, por ocasião do batismo no rio Jordão, ouve uma voz que lhe diz:“Tu és aquele meu filho especialmente amado; em ti é que tenho posto toda a minha complacência.”
Em João, 12:28, lemos: “Pai glorifica o teu nome. Então veio esta voz do céu – “Eu não só o tenho já glorificado, mas ainda segunda vez o glorificarei.”
Todos esses fatos comprovam a mediunidade auditiva, tão comum em nossos dias.
8- MEDIUNIDADE CURADORA
Ao tempo do Cristo, a mediunidade curadora disseminou-se por entre os discípulos, que produziam curas, algumas, pela imposição das próprias mãos, outras, através de objetos magnetizados.
Em Atos, 19:11 e 12, encontramos o relato de que lenços e aventais pertencentes a Paulo eram aplicados aos doentes e possessos, e, graças a ação magnética desses objetos, ficavam curados.
As curas à distância também foram realizadas. O criado do Centurião de Cafarnaum e o filho de um régulo foram curados (Mateus, 8:5,13; e João, 4:47, 54).
Jesus recomendara, quando esteve entre nós, que curássemos. Dizia ele: “Curai os enfermos, expulsai os maus Espíritos, dai de graça o que de graça recebestes.” (Mateus, 10:8, Lucas 9,2 e 10:9).
É em cumprimento desse preceito que o Espiritismo, além de ser uma obra de educação, procura dar atendimento aos enfermos do corpo e da alma, com a ajuda dos abnegados irmãos espirituais, que se servem dos médiuns passistas, receitistas, doutrinadores e de todos os que, de boa vontade, trabalham em prol da construção de um mundo melhor.
9 - OUTRAS FORMAS DE MEDIUNIDADE
Encontramos, ainda, na Bíblia, Saul consultando o Espírito de Samuel, na gruta de Endor.
Moisés conduzia o povo hebreu, no deserto, acompanhado por uma labareda que seguia à sua frente.
Jeremias o profeta da paz era médium de incorporação. Quando o Espírito o tomava, pregava contra a guerra aos exércitos de Nabucodonosor.
É interessante notar que as práticas mediúnicas, daquele tempo, eram semelhantes às de nossos dias. Para a formação do ambiente, alguns profetas (médiuns) exigiam a música. Assim o profeta Eliseu, para profetizar, reclamava um bom harpista. David afasta os Espíritos obsessores de Saul, tangendo sua harpa.  Estes bastam para provar que a Bíblia é um repositório de mediunismo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

OS 99 ATRIBUTOS MAIS SUBLIMES DE DEUS

ALLAH
O Único Deus.

1. AR-RAHMAN.
O Clemente.
2. AR-RAHIM.
O Misericordioso.
3. AL-MALIK.
O Soberano.
4. AL-QUDDUS.
O Augusto.
5. AS-SALAM.
Fonte de Paz.
6. AL-MUMIN.
O Guardião da Fé.
7. AL-MUHAYMIN.
O Zeloso, O Protetor.
8. AL-AZIZ.
O Poderoso.
9. AL-JABBAR.
O Compulsor.
10. AL-MUTAKABBIR.
O Supremo, O Majestoso.
11. AL-KHALIQ.
O Criador.
12. AL-BARI.
O Onifeitor.
13. AL-MUSAWWUIR.
O Formador.
14. AL-GHAFFAR.
O Indulgente.
15. AL-QAHHAR.
O Irresistível.
16. AL-WAHHAB.
O Doador.
17. AR-RAZZAQ.
O Agraciante.
18. AL-FATTAH.
O Triunfante.
19. AL-ALIM.
O Sapiente.
20. AL-QABID.
O Restringente.
21. AL-BASIT.
O Que Expande, O Abastecedor.
22. AL-KHAFID.
O Depreciador.
23. AL-RAFI.
O Exaltador
24. AL-MUIZZ.
O Glorificador.
25. AL-MUDHILL.
O Soprepujante.
26. AS-SAMI.
A Oniouvinte.
27. AL-BASIR.
O Onividente.
28. AL-HAKAM.
O Juiz.
29. AL-ADL.
O Justo.
30. AL-LATIF.
O Sutilísimo.
31. AL-KHABIR.
O Onisciente.
32. AL-HALIM.
O Tolerante.
33. AL-AZIM.
O Ingente.
34. AL-GHAFUR.
O Perdoador.
35. ASH-SHAKUR.
O Retribuidor.
36. AL-ALI.
O Altíssimo.
37. AL-KABIR.
O Grandioso.
38. AL-HAFIZ.
O Preservador, O Gurdião.
39. AL-MUQIT.
O Onipotente.
40. AL-HASIB.
O Julgador.
41. AL-JALIL.
O Sublime, O Majestoso.
42. AL-KARIM.
O Generoso.
43. AR-RAQIB.
O Vigilante.
44. AL-MUJIB.
O Exorável.
45. AL-WASI.
O Munificiente.
46. AL-HAKIM.
O Sábio, O Prudente.
47. AL-WADUD.
O Amoroso, Afetuoso.
48. AL-MAJID.
O Glorioso.
49. AL-BA'ITH.
O Ressuscitador.
50. AS-SHAHID.
O Testemunhador.
51. AL-HAQQ.
O Verdadeiro.
52. AL-WAKIL.
O Guardião.
53. AL-QAWI.
O Fortíssimo.
54. AL-MATIN.
O Firme.
55. AL-WALI.
O Protetor.
56. AL-HAMID.
O Louvável.
57. AL-MUHSI.
O Onisciente.
58. AL-MUBDI.
O Originador, O Autor.
59. AL-MUID.
O Reprodutor.
60. AL-MUHYI.
O Vivificador.
61. AL-MUMIT.
O Criador da Morte.
62. AL-HAYY.
O Vivente.
63. AL-QAYYUM.
O Subsistente.
64. AL-WAJID.
O Perfeito.
65. AL-MAJID.
O Excelso.
66. AL-WAHID.
O Único.
67. AL-AHAD.
O Uno.
68. AS-SAMAD.
O Absoluto.
69. AL-QADIR.
O Capaz, O Todo Poderoso.
70. AL-MUQTADIR.
O Onipotente.
71. AL-MUQADDIM.
O que Apressa, o que tem o poder de antecipar ou atrasar.
72. AL-MUAKHKHIR.
O que Atrasa, o que tem o poder de antecipar ou atrasar.
73. AL-AWWAL.
O Primeiro.
74. AL-AKHIR.
O Último.
75. AZ-ZAHIR.
O Visível, O Manifesto.
76. AL-BATIN.
O Invisível, O Oculto.
77. AL-WALI.
O Regente.
78. AL-MUTAALI.
O Sublime, O Altíssimo.
79. AL-BARR.
O Benevolente, O Beneficiente.
80. A-TAWWAB.
O Remissório, O indulgente.
81. AL-MUNTAQIM.
O Punidor.
82. AL-AFU.
O Absolvedor.
83. AR-RA'UF.
O Compassivo.
84. MALIK-UL-MULK.
O Possuidor Eterno da Soberania.
85. DHUL-JALAL-WAL-IKRAM.
O Majestoso e Honorável
86. AL-MUQSIT.
O Eqüitativo.
87. AL-JAMI.
O Congregador.
88. AL-GHANI.
O Opulento, O Auto-Suficiente.
89. AL-MUGHNI.
O Enriquecedor.
90. AL-MANI.
O Defensor.
91. AD-DARR.
O que causa Preocupações.
92. AN-NAFI.
O Beneficiador, O Propiciador.
93. AN-NUR.
A Luz.
94. AL-HADI.
O Guia.
95. AL-BADI.
O Originador.
96. AL-BAQI.
O Perpétuo.
97. AL-WARITH.
O Herdeiro Supremo.
98. AR-RASHID.
O Orientador, O Guia ao Caminho Reto.
99. AS-SABUR.
O Paciente.


Unicidade dos Nomes e Atributos de Deus: é a crença convicta de que Deus, Todo Poderoso, possui todos os atributos da perfeição, está livre de todos os atributos da imperfeição.

"Nada se assemelha a Ele, e é o Oniouvinte, o Onividente." (Alcorão Sagrado
42:11).


fonte: http://www.islamemlinha.com/

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FINALIDADE DOS MUNDOS TRANSITÓRIOS

Finalidade dos mundos transitórios
1. Mundos transitórios são mundos destinados particularmente aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de campos onde descansam de uma longa erraticidade, estado esse sempre um tanto penoso. São, entre os outros mundos,  posições intermediárias graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde gozam de maior ou menor bem-estar.
2. Os mundos transitórios não se prestam à encarnação de seres corpóreos, porque estéril é neles a superfície e os que os habitam de nada precisam. Essa esterilidade é, contudo, transitória. A Terra, por exemplo, já foi um mundo transitório “durante a sua formação”. Hoje é um planeta de expiação e provas, prestando-se, portanto, à encarnação e reencarnação de Espíritos necessitados de passar pelas vicissitudes que o planeta oferece.
Regiões ou esferas espirituais
3. Vizinhas à Crosta da Terra, no plano extrafísico, existem regiões ou esferas espirituais de diferentes graus evolutivos, caracterizando-se desde simples postos a verdadeiras cidades espirituais. Essas regiões se dividem gradativamente em lugares de sofrimento e ignorância até aqueles onde o Espírito, em estado de maior entendimento, é feliz. Considerando a penitência em sua feição expiatória, existem numerosos lugares de provações na esfera para nós invisível, destinados à regeneração e preparo de entidades perversas ou renitentes no crime, a fim de conhecerem as primeiras manifestações do remorso e do arrependimento, etapas iniciais da obra de redenção. Estas fazem parte das chamadas zonas inferiores.
4. A série "Nosso Lar" nos esclarece a respeito dessas diversas regiões espirituais. Na obra “Libertação”, cap. 4 , há referência a uma cidade situada “no vasto domínio das trevas", limítrofe com a Terra, assim descrita por André Luiz:  ''A claridade solar jazia diferenciada. Fumo cinzento cobria o céu em toda a sua extensão. A volitação fácil se fizera impossível. A vegetação exibia aspecto sinistro e angustiado. As árvores não se vestiam de folhagem farta e os galhos, quase secos, davam a idéia de braços erguidos em súplicas dolorosas. Aves agoureiras, de grande tamanho, de uma espécie que pode ser situada entre os Corvídeos, crocitavam em surdina, semelhando-se a pequenos monstros alados espiando presas ocultas. O que mais contristava, porém, não era o quadro desolador, mais ou menos semelhante a outros de meu conhecimento, e, sim, os apelos cortantes que provinham dos charcos. Gemidos tipicamente humanos eram pronunciados em todos os tons”.
5. No livro "Voltei", de Irmão Jacob, o autor nos fala de uma colônia espiritual situada em esferas mais elevadas: "A estrada que percorríamos marginava-se de flores, algumas delas como que talhadas em radiosa substância, o que convertia a paisagem numa cópia do firmamento.  Árvores próximas pareciam cobertas de estrelas. A que país, afinal, fora eu arrebatado pela morte? Teria subido a Terra ao Céu ou teria o Céu baixado para a Terra?  Vi desdobrar-se ante meus olhos enlevados a paisagem florida e brilhante de um burgo feliz. Atravessávamos extensas e formosas avenidas marginadas por vegetação caprichosa e linda, quando tive o contentamento de ver alguns pássaros marcados por peregrina beleza. Cantavam estáticos, glorificando a Divindade”.
Kardec e os mundos transitórios
6. Seriam os mundos transitórios, de que os Espíritos Superiores falaram a Kardec, essas mesmas colônias ou regiões espirituais que André Luiz descreve? Evidente que tais locais são destinados aos Espíritos desencarnados, ainda necessitados de reencarnações (portanto, Espíritos errantes), e intimamente ligados ao nosso planeta pelas ações cometidas no pretérito. O fato de os Espíritos que fizeram  “O Livro dos Espíritos"  terem afirmado que a Terra foi um mundo transitório na sua formação planetária levou Kardec a dizer: "Assim, durante a dilatada sucessão dos séculos que passaram antes do aparecimento do homem na Terra durante os lentos períodos de transição que as camadas geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos se achavam em confusão, não havia ausência de vida. Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá encontravam refúgio. Quis Deus que, mesmo assim, ainda imperfeita, a Terra servisse para alguma coisa. Quem ousaria afirmar que, entre os milhares de mundo que giram na imensidade, um só, um dos menores, perdido no seio da multidão infinita deles, goza do privilégio exclusivo de ser povoado? Qual então a utilidade dos demais? Tê-los-ia Deus feito unicamente para nos recrearem a vista? Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que esplende em todas as suas obras e inadmissível desde que ponderemos na existência de todos os que não podemos perceber”.
7. Segundo Emmanuel, podemos conceituar de três maneiras, para efeito de estudo, a palavra “moradas” mencionada no Evangelho de Jesus:
a) Os mundos que formam o Universo, onde outras humanidades realizam a marcha evolutiva.
b) As diversas zonas espirituais superiores ou inferiores, além das fronteiras físicas, onde a vida palpita com a mesma intensidade das metrópoles humanas.
c) Os vários departamentos da mente, onde se demoram pensamentos e reações, dramas e tragédias, anseios e realidades do Espírito.
8. Ninguém poderá imaginar quantos mundos habitados realmente existem, mas nenhum  espírita põe  em dúvida que inúmeras humanidades vivem nesses mundos, felizes, uns, infelizes, outros. Os departamentos da mente são outras tantas “moradas individuais”, como repositório das realizações mais ou menos felizes das inteligências encarnadas ou desencarnadas.
Comunidades redimidas
9. No que toca às diversas regiões espirituais, sabemos que comunidades redimidas habitam zonas mais elevadas da espiritualidade, às quais obreiros dedicados são periodicamente conduzidos em processo estimulante do esforço pessoal. Em faixas vibratórias mais ligadas à Terra, estacionam, temporariamente, almas ainda vinculadas às sensações e problemas da vida física, uma vez que o peso específico de suas organizações perispirituais apresenta certa densidade que não lhes permite as grandes ascensões.
10. Esses mundos, como o nome indica, não teriam a superfície física eternamente estéril. Como tudo no Universo evolui, eles e os Espíritos são submetidos à lei do progresso. Os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, a fim de irem para onde devam ir. Figuremo-los como bandos de aves que pousam numa ilha, para aí aguardarem que se lhes refaçam as forças, a fim de seguirem seu destino.
11. Concluindo, diremos que os mundos transitórios possivelmente fazem parte dos corpos celestes, espalhados pelo Universo, podendo ser um planeta, um satélite ou algo similar. Já regiões espirituais, também denominadas zonas, colônias ou esferas, correspondem às coletividades desencarnadas existentes nos planos dos Espíritos e vinculadas a esse ou àquele planeta. O campo magnético da Terra seria, por exemplo, dividido em sete esferas: 1 – o Umbral “grosso”; 2 – o Umbral médio; 3 – o Umbral superior, onde se localiza “Nosso Lar”; 4 – região da arte, da cultura e da ciência; 5 - região do amor fraterno universal; 6 – diretrizes do planeta; 7 – abóbada estelar (veja Cidade no Além, cap. IV).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A REENCARNAÇÃO SEGUNDO O ESPIRITISMO

O princípio da reencarnação é uma conseqüência necessária da lei de progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária; seriam de todo estranhas umas às outras. Por que, então, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que têm aquelas melhor compreensão? Por que possuem instintos mais apurados, costumes mais brandos? Por que têm a intuição de certas coisas, sem as haverem aprendido? Duvidamos de que alguém saia desses dilemas, a menos admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposição inconciliável com a idéia de uma justiça soberana. (Cap. II, nº 10.)

Admiti, ao contrário, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que, por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo, e tereis a única explicação plausível da causa do progresso social. (O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, caps. IV e V.)

Pensam alguns que as diferentes existências da alma se efetuam, passando elas de mundo em mundo e não num mesmo orbe, onde cada Espírito viria uma única vez.
Seria admissível esta doutrina, se todos os habitantes da Terra estivessem no mesmo nível intelectual e moral. Eles então só poderiam progredir indo de um mundo a outro e nenhuma utilidade lhes adviria da encarnação na Terra. Desde que aí se notam a inteligência e a moralidade em todos os graus, desde a selvajaria que beira o animal até a mais adiantada civilização, é evidente que esse mundo constituí um vasto campo de progresso Por que haveria o selvagem de ir procurar alhures o grau de progresso logo acima do em que ele está, quando esse grau se lhe acha ao lado e assim sucessivamente? Por que não teria podido o homem adiantado fazer os seus primeiros estágios senão em mundos inferiores, quando ao seu derredor estão seres análogos aos desses mundos? quando, não só de povo a povo, mas no seio do mesmo povo e da mesma família, há diferentes graus de adiantamento? Se fosse assim, Deus houvera feito coisa inútil, colocando lado a lado a ignorância e o saber, a barbaria e a civilização, o bem e o mal, quando precisamente esse contacto é que faz que os retardatários avancem.

Não há, pois, necessidade de que os homens mudem de inundo a cada etapa de aperfeiçoamento, como não há de que o estudante mude de colégio para passar de uma classe a outra. Longe de ser isso vantagem para o progresso, ser-lhe-ia um entrave, porquanto o Espírito ficaria privado do exemplo que lhe oferece a observação do que ocorre nos graus mais elevados e da possibilidade de reparar seus erros no mesmo meio e em presença dos a quem ofendeu, possibilidade que é, para ele, o mais poderoso modo de realizar o seu progresso moral. Após curta coabitação, dispersando-se os Espíritos e tornando-se estranhos uns aos outros, romper-se-iam os laços de família, à falta de tempo para se consolidarem.

Ao inconveniente moral se juntaria um inconveniente material. A natureza dos elementos, as leis orgânicas, as condições de existência variam, de acordo com os mundos; sob esse aspecto, não há dois perfeitamente idênticos. Os tratados de Física, de Química, de Anatomia, de Medicina, de Botânica, etc., para nada serviriam nos outros mundos; entretanto, não fica perdido o que neles se aprende; não só isso desenvolve a inteligência, como também as idéias que se colhem de tais obras auxiliam a aquisição de outras. (Cap. VI, nos 61 e seguintes.) Se apenas uma única vez fizesse o Espírito a sua aparição, freqüentemente brevíssima, num mesmo mundo, em cada imigração ele se acharia em condições inteiramente diversas; operaria de cada vez sobre elementos novos, com força e segundo leis que desconheceria, antes de ter tido tempo de elaborar os elementos conhecidos, de os estudar, de os aplicar. Teria de fazer, de cada vez, um novo aprendizado e essas mudanças contínuas representariam um obstáculo ao progresso. O Espírito, portanto, tem que permanecer no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma de conhecimentos e o grau de perfeição que esse mundo comporta. (Nº 31.)

Que os Espíritos deixem, por um mundo mais adiantado, aquele do qual nada mais podem auferir, é como deve ser e é. Tal o princípio. Se alguns há que antecipadamente deixam o mundo em que vinham encarnando, é isso devido a causas individuais que Deus pesa em sua sabedoria.

Tudo na criação tem uma finalidade, sem o que Deus não seria nem prudente, nem sábio. Ora, se a Terra se destinasse a ser uma única etapa do progresso para cada indivíduo, que utilidade haveria, para os Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, vir passar aí alguns anos, alguns meses, algumas horas, durante os quais nada podem haurir dele? O mesmo ocorre se pondere com referência aos idiotas e aos cretinos. Uma teoria somente é boa sob a condição de resolver todas as questões a que diz respeito. A questão das mortes prematuras há sido uma pedra de tropeço para todas as doutrinas, exceto para a Doutrina Espírita, que a resolveu de maneira racional e completa.

Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem real em volverem ao mesmo meio para aí continuarem o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família ou em contacto com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito, ou de sofrerem a pena de talião.

In
"A Gênese"
Allan Kardec

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

HONESTO PARA DEUS OU HONESTO PARA OS HOMENS?

JOSEPH BRÊ

(Falecido em 1840 e evocado em Bordéus, por sua neta, em 1862)

O homem honesto segundo Deus ou segundo os homens

1. - Caro avô, podeis dizer-me como vos encontrais no mundo dos Espíritos, dando-me quaisquer pormenores úteis ao nosso progresso?

- R. Tudo que quiseres, querida filha. Eu expio a minha descrença; porém, grande é a bondade de Deus, que atende às circunstâncias. Sofro, mas não como poderias imaginar: é o desgosto de não ter melhor aproveitado o tempo aí na Terra.

2. - Como? Pois não vivestes sempre honestamente?

- R. Sim, no juízo dos homens; mas há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus. E uma vez que desejas instruir-te, procurarei demonstrar-te a diferença. Aí, entre vós, é reputado honesto aquele que respeita as leis do seu país, respeito arbitrário para muitos. Honesto é aquele que não prejudica o próximo ostensivamente, embora lhe arranque muitas vezes a felicidade e a honra, visto o código penal e a opinião pública não atingirem o culpado hipócrita. Em podendo fazer gravar na pedra do túmulo um epitáfio de virtude, julgam muitos terem pago sua dívida à Humanidade! Erro! Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso antes de tudo não haver transgredido as leis divinas. Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o Senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor de Deus e do próximo.

Assim o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo. O homem honesto, segundo Deus, deve ter sempre cerrado o coração a quaisquer germens de orgulho, de inveja, de ambição; deve ser paciente e benévolo para com os que o agredirem; deve perdoar do fundo d'alma, sem esforços e sobretudo sem ostentação, a quem quer que o ofenda; deve, enfim, praticar o preceito conciso e grandioso que se resume "no amor de Deus sobre todas as coisas e do próximo como a si mesmo".

Eis aí, querida filha, aproximadamente o que deve ser o homem honesto perante Deus. Pois bem: tê-lo-ia eu sido? Não. Confesso sem corar que faltei a muitos desses deveres; que não tive a atividade necessária; que o esquecimento de Deus impeliu-me a outras faltas, as quais, por não serem passíveis às leis humanas, nem por isso deixam de ser atentatórias à lei de Deus. Compreendendo-o, muito sofri, e assim é que hoje espero mais consolado a misericórdia desse Deus de bondade, que perscruta o meu arrependimento. Transmite, cara filha, repete tudo o que aí fica a quantos tiverem a consciência onerada, para que reparem suas faltas à força de boas obras, a fim de que a misericórdia de Deus se estenda por sobre eles. Seus olhos paternais lhes calcularão as provações. Sua mão potente lhes apagará as faltas.

In
O CÉU E O INFERNO, cap. III
Allan Kardec, Ed. FEB

terça-feira, 9 de agosto de 2011

CONCENTRAÇÃO BUDISTA

A Prática da Concentração (Satipatthana) é uma das práticas básicas do Budismo. O Budismo é famoso, entre a família das religiões, pela clareza da sua aproximação prática, não dogmática, na questão relativa à realização da Verdade. Não é surpreendente, portanto, quando encontramos, exatamente, no coração do Budismo, uma ênfase especial na necessidade do treinamento da mente, a fim de se atingir maior consciência e claridade. Isto é obtido através de recursos razoáveis e práticos, simples, que permitem manter a mente focalizada no presente. Naquilo que é, aqui e agora. Mas isto é algo mais do que simples assunto de treinamento mental ou um expediente no sentido de um “instrumento”, pois a Verdade é aquilo que é. A mente assim treinada, focalizando o simples presente diante de nós, sem a cortina de fumaça das preferências e pensamentos associados, através da qual vemos não aquilo que é, mas aquilo que pensamos a respeito dessa realidade, pode atingir algo que em si mesmo é a “porta para a Imortalidade”. Algo simples, direto, obtido na realização do incriado e, portanto, imortal. Aquela realidade que está sempre em nós, no coração do nosso Ser, oculta pelo véu de pensamentos ignorantes.

O mundo moderno, claramente, tem sede por uma nova aproximação prática, não dogmática, porém científica, para a realização das verdades perenes que qualquer um, indistintamente, sabe que existem. Mas que sentimos obscurecidas, pois não possuímos o contato pessoal, direto, com elas, em virtude de religiões dogmaticamente organizadas. Desta forma, a palavra “religião” adquire nas mentes de algumas pessoas uma associação deformada. É uma pena, pois elas voltarão em desespero as costas a essa “religião” buscando verdades para as quais somente a Religião, no seu verdadeiro sentido, pode permitir acesso. Esta sede para aproximação prática, não dogmática, pode ser saciada através simples prática da Concentração, que é na verdade o “coração da meditação Budista”.

A prática da Concentração tem uma vantagem adicional. O indivíduo, tendo adquirido o seu hábito em meditar, pode e na verdade deve praticá-lo em todas as horas através do dia, qualquer que seja sua ocupação. Não é um exercício de “meditação” limitado a ficarmos “sentados” de uma maneira formal. É verdadeiramente uma nova maneira de viver. Um intensificado estado de consciência no qual, em virtude de permanecermos no presente em vez de envolvidos num nevoeiro de fantasias, a vida será vivida mais plenamente. Longe de interferir com nossa vida e as funções do dia-a-dia, a paz e a clara consciência surgidas tornam o indivíduo muito mais senhor de si mesmo e com a cabeça mais clara nos seus julgamentos. Esta é uma das maiores glórias desta prática. Ela é aplicável em todas as horas e situações.

Estritamente falando, a Concentração não é uma propriedade exclusiva do Budismo. É a própria essência da vida espiritual, onde a religião foi tomada no seu nível mais alto. Uma atividade de tempo integral daqueles seres verdadeiramente dedicados e que são encontrados em todas as religiões. A outra alternativa é a vida de esquecimento, movida por impulso, sente-animal, com todas as suas conseqüências. O nome Concentração pode variar. Pode ser chamado Plena-Atenção, guarda do coração, atenção, sobriedade, domínio dos sentidos, viver em Samadhi, mauna, o silêncio do coração, vazio, santa indiferença, equanimidade, Samatha e Vipassana, Samadhi de Prajna, acittata, o pensamento sem suporte, morte do ego, eliminação do pensamento discursivo, visão daquilo que deve ser visto, e uma procissão de outros nomes. Todos, entretanto, vêm a ser no fim a mesma coisa. Assim como a chamada prática da presença de Deus vem a dar no mesmo, pois é somente através da concentração constante que pode mos estabelecer a consciência na mente. “É a vontade de Deus agindo através de mim. Eu sou somente o seu instrumento”, bem como método o Hua Tou do Zen, ou o método de Ramana Maharshi de perguntar constantemente: “Quem sou eu?” Todos chegaram ao mesmo lugar. É através da Concentração que podemos ver o pensamento assim que ele surge. Antes que ele siga urna cadeia de associações. Pela concentração chegamos a ver o “onde”, e “para onde” ele vai, quando o indivíduo compreende aquilo que realmente não surge nem passa. É por isso que o Buda descreve a Concentração como sendo o “único caminho”, prometendo que “a Concen tração conduz a imortalidade”, advertindo que o esquecimento é a morte”.

Embora não seja, de qualquer forma, uma prerrogativa do Budismo foram, entretanto, os ensinamentos do Buda que deram maior ênfase a prática da Concentração, bem como as mais claras restrições do como colocá-la em prática. Uma coisa é chegar a referências enigmáticas, fragmentárias, em escritos deixados por algum obscuro místico, outra, completamente diferente, e ler as claras e detalhadas descrições a respeito da prática como um tema central encontrado nos discursos da suprema autoridade dessa grande religião. Isto não é surpreendente pois, como dizia o falecido Arcebispo de Canterbury, “o cristianismo é a mais materialista de todas as religiões”. O Budismo pode bem proclamar-se como sendo a mais prática e precisa. Nada omite que seja de valor prático e essencial. Nada acrescenta que seja de interesse puramente teórico. O Buda frequentemente desprezava discussões especulativas por não terem significação prática. Ele, por firme determinação não ensinava dogmas — mesmo que verdadeiros — para serem aceitos pela fé ou intelecto. Conduzia, em vez disso às pessoas, homens comuns, à realização direta, pessoal, da verdade através de si mesmos desde que, como todos condordam, a Verdade Última está além do intelecto. Ele preferia trazer as pessoas face a face com essa verdade através a Concentração em vez de conduzi-las pela Senda Florida da Sofisticação Intelectual.

Essa prática de Concentração, tão central no Budismo, e tratada com detalhes nos textos canônicos que registraram os discursos do Buda, particularmente no “Discurso para a prática da concentração” (Satipatthana Sutta).Há naturalmente, a usual quantidade de trabalhos comentando o assunto. Existem também vários livros escritos por ocidentais a respeito da prática. Dentre eles nota-se “O coração da meditação Budista”, pelo Ven. Nyanaponika. A prática, entretanto, é ensinada sistematicamente no Oriente, especialmente em Burma. Há uma revitalização no interesse nesta técnica tão antiga e, no entanto, eminentemente moderna que se difundiu em muitos países, entre os quais a Inglaterra.

Gostaríamos de apontar um afastamento no método de desenvolver a Concentração que aqui será exposta da maneira que é ensinada na Birmânia, onde a prática é conhecida, comumente, sob o nome de um dos seus pseudônimos — Vipassana. Na Birmânia é costume praticar a “Concentração na respiração” com a atenção colocada no movimento do abdomem durante a respiração. Isto é feito simplesmente para facilitar a observação pois muitas pessoas acham mais fácil, particularmente no começo, centralizar a atenção no movimento grosseiro do abdomem em vez da sensação do ar ao atravessar as naririas. Entretanto, não podemos negar que as descrições clássicas da prática, encontradas nos discursos do Buda e os seus comentários mais antigos, claramente indicam a face como sendo o local ideal para centralizar a atenção. Tal coisa tem gerado alguma oposição à prática como é ensinada na Birmânia, baseada na alegação de ser “uma inovação”. Muitas dessas críticas são tendenciosas e mesmo a crítica sincera tende a aumentar a importância desse pequeno detalhe além da sua proporção. Algumas pessoas têm sido mesmo desencorajadas, deixando de receber os benefícios da prática, o que é uma pena. Para desmanchar tais críticas, a respeito de detalhes menores e essencialmente práticos, preferimos frisar que no ensinamento da atenção ambas as escolas trabalham da mesma forma. Além desse pequeno detalhe a prática aqui escrita é revivida e popularizada na Birmânia sob a adequada orientação de Mahasi Sayadaw em Sasana Yeikta, Rangoon. Temos toda confíança que aqueles que a aplicarem encontrarão a mais simples e prática “porta para a imortalidade”.

"Tende que fazer o esforço. Os Budas mostram o caminho”.

Bhikkhu Mangalo
Centro de Meditação Budista-Biddulph.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

POLIGAMIA

Não nos atenhamos à letra das palavras evangélicas, tentando tirar delas matérias não pertencentes à vida espiritual. Todas as revelações dadas aos homens em todas as épocas são feitas de acordo com a evolução moral e espiritual, falando-lhes de modo no qual podiam entender. Só que ao avançarmos evolutivamente, devemos tirar toda a incongruência histórica-moral atrasada.
Para que atermos a morais que hoje nos soam ridículas? Para que ficarmos decorando preceitos humanos que os costumes morais atualmente consideram ultrapassados? Devemos sim tirar das revelações aquilo que nos eleva, não aquilo que nos segrega por preconceitos históricos. Não importa que antigamente, por exemplo, podia-se casar com quatro mulheres. A poligamia era tolerada, pois devido ao estado constante de beligerância, a população masculina era reduzida e, para evitar que a família ficasse órfã do lado paterno, deixavam-se os homens que não iam à guerra tivessem mais de uma mulher, para que, com isso, a população não decaísse. Mas, e hoje? A poligamia é considerada atraso nas relações de igualdade entre os sexos materiais – materiais pois o espírito não tem sexo – e, portanto, foi destinada à lixeira das imoralidades, apesar de haver povos que ainda o consumam, exatamente por se aterem à letra ultrapassada e preconceituosa de outrora.
Não nos prendamos àquilo que nos é motivo de involução, façamos que a humanidade evolua em moral ao tirar todas as regras esdrúxulas do passado.
Daniel

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

OS DEMÔNIOS SEGUNDO O ESPIRITISMO

Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até ao anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.
Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.
Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.
Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que por apatia, negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüências; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento. "Submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para o mesmo, não progridem, ainda assim, contra a vontade." Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio.
Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.
Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias.
E como Deus criou de toda a eternidade, segue-se que de toda a eternidade houve número suficiente para satisfazer às necessidades do governo universal. Deste modo uma só espécie de seres inteligentes, submetida à lei de progresso, satisfaz todos os fins da Criação.
Por fim, a unidade da Criação, aliada à idéia de uma origem comum, tendo o mesmo ponto de partida e trajetória, elevando-se pelo próprio mérito, corresponde melhor à justiça de Deus do que a criação de espécies diferentes, mais ou menos favorecidas de dotes naturais, que seriam outros tantos privilégios.
A doutrina vulgar sobre a natureza dos anjos, dos demônios e das almas, não admitindo a lei do progresso, mas vendo todavia seres de diversos graus, concluiu que seriam produto de outras tantas criações especiais. E assim foi que chegou a fazer de Deus um pai parcial, tudo concedendo a alguns de seus filhos, e a outros impondo o mais rude trabalho. Não admira que por muito tempo os homens achassem justificação para tais preferências, quando eles próprios delas usavam em relação aos filhos, estabelecendo direitos de primogenitura e outros privilégios de nascimento. Podiam tais homens acreditar que andavam mais errados que Deus?
Hoje, porém, alargou-se o circulo das idéias: o homem vê mais claro e tem noções mais precisas de justiça; desejando-a para si e nem sempre encontrando-a na Terra, ele quer pelo menos encontrá-la mais perfeita no Céu.
E aqui está por que lhe repugna à razão toda e qualquer doutrina, na qual não resplenda a Justiça Divina na plenitude integral da sua pureza.
“O Céu e O Inferno”
Allan Kardec

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

OS ANJOS SEGUNDO O ESPIRITISMO

Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem e natureza de tais seres.
As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte.
Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas leis são para o bem, e foi o homem que criou esse mal, divorciando-se dessas leis; se ele as observasse escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho.
Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e daí o ser falível. Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la. Assim, um passo em falso na senda do mal é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as conseqüências, aprende à sua custa o que importa evitar. Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia espiritual até ao estado de puro Espírito ou anjo. Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem ditosas, tendo ainda nele um meio de progresso. (Vede 1ª Parte, cap. III, "O céu".)
A Humanidade não se limita à Terra; habita inúmeros mundos que no Espaço circulam; já habitou os desaparecidos, e habitará os que se formarem. Tendo-a criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la. Muito antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos havia, nos quais Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases que ora percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo que houvéramos saído das mãos do Criador.
De toda a eternidade tem havido, pois, puros Espíritos ou anjos; mas, como a sua existência humana se passou num infinito passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre anjos de todos os tempos.
Realiza-se assim a grande lei de unidade da Criação; Deus nunca esteve inativo e sempre teve puros Espíritos, experimentados e esclarecidos, para transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes. Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de obrigações; todos, antigos e novos, adquiriram suas posições na luta e por mérito próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras.
E, desse modo, completa-se com igualdade a soberana justiça do Criador.
“O Céu e Inferno”
Allan Kardec

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

OS TIPOS DE CARMA

Qualquer ato seja este bom ou mal, tem a sua consequência. Se praticarmos o bem a consequência será boa para nós, se temos uma má conduta as consequências serão ruins.
Não existe efeito sem causa e nem causa sem efeito.

A Lei Divina tem como base a justiça e a misericórdia. A justiça sem misericórdia é tirania. A misericórdia sem justiça é tolerância, complacência com o erro.
Se ao pesar nossas ações em uma balança, o prato das boas ações estiver mais pesado o resultado será um Darma, que é uma recompensa pelas boas obras que fazemos.
O Darma (do sânscrito Dharma) significa também realidade ou ainda virtude.
Se ocorrer o contrário, se o prato das más ações estiver mais pesado, o resultado será um Carma para nós, ou seja sofrimento, dor, adversidades, etc.
A palavra Carma, de origem sânscrita Karma,  significa ação. Podemos entendê-la como lei de ação e consequência.

Existem vários tipos de Carma:

Individual: quando é aplicado especificamente a uma pessoa. Por exemplo, no caso de uma doença.
(é importante ressaltar que nem todo sofrimento ou acontecimento ruim é cármico, pois devido a nossa inconsciência podemos causar diretamente nosso próprio sofrimento. Ex: uma pessoa que atravessa uma rua sem a devida atenção e é atropelada).

Familiar: quando é aplicado de tal forma que afeta toda uma família. Por exemplo, no caso de se ter um membro da família que é viciado em drogas. Isto traz sofrimento para todos ao redor.

Regional: quando é aplicado em determinada região. Temos como exemplo as secas, enchentes ou outras adversidades climáticas que ocorrem em determinados lugares e regiões.

Nacional: é uma ampliação do carma regional. Temos o exemplo de países que são assolados pela guerra, ditaduras, misérias, desastres naturais, etc.

Mundial: quando é aplicado a toda humanidade. Temos o exemplo das guerras mundiais e, atualmente, vemos a imensa degradação e a progressiva escassez dos recursos naturais, iminência de guerra nuclear, grandes desastres naturais, ameaças de epidemias, etc.
Neste momento não poderíamos deixar de alertar que estão ocorrendo grandes transformações em nosso mundo.

Katância: é o carma mais rigoroso, que é aplicado aos Mestres, que apesar de suas inúmeras perfeições, podem cometer erros e ser penalizados.

Kamaduro: que é o carma aplicado a erros graves, assassinatos, emboscadas, torturas, etc. Esse tipo de karma não é negociável e quando é aplicado vai inevitavelmente até as suas consequências finais.

Karmasaya: esse carma também não é negociável e é aplicado quando a pessoa comete adultério.
Nas escrituras sagradas está escrito que “todo pecado será perdoado, menos os pecados contra o Espírito Santo”, e esse pecado é o adultério. Mas o que é considerado adultério perante a Justiça Divina?

Perante a Lei Divina quando duas pessoas se unem sexualmente elas estão casadas nos mundos internos (independente de serem casadas pelas leis físicas).
Portanto se a pessoa tem mais de um/a parceiro sexual em um determinado espaço de tempo (menos de um ano), essa pessoa comete adultério e lança Carma sobre suas costas.

Mais ainda, quando duas pessoas se unem sexualmente, por estarem internamente casadas, seus Carmas se somam e tornam-se comum as duas pessoas.
E se uma dessas duas pessoas tiver outra relação sexual com uma terceira pessoa, essa última terá o Carma das três pessoas.
Sabendo disso podemos então fazer uma idéia de como é grave a situação cármica de toda a humanidade.

Os negócios
Como foi dito acima as bases da Lei Divina são a justiça e a misericórdia. Isso significa que, por mais duro que seja nosso carma, podemos pagá-lo com boas obras e então não necessitaremos sofrer.

“Quando uma lei inferior é transcendida por uma lei superior, a lei superior lava a lei inferior.”

“Faze boas obras para que pagues tuas dívidas. Ao leão da lei se combate com a balança.”

“Quem tem com que pagar, paga e sai bem em seus negócios; quem não tem com que pagar, pagará com dor.”

Se no prato da balança cósmica colocamos as boas obras e no outro as más, é evidente que o Carma dependerá de qual prato estará mais pesado. Todos somos grandes devedores, seja devido aos nossos atos desta ou de passadas existências.
Por isso é urgente que mudemos nossa conduta diária.

Ao invés de protestarmos por estarmos em dificuldades, devemos sim procurar ajudar aos demais.
Ao invés de protestarmos por estarmos doentes, devemos dar medicamentos aos que não podem comprá-los, levar ao médico os que não podem ir, etc.
Ao invés de reclamarmos das pessoas que nos caluniam, devemos aprender a ver o ponto de visto alheio e abandonar de uma vez a calúnia, as intrigas, as reclamações, etc.

Nosso carma pode ser perdoado se eliminarmos a causa de nossos erros, de nossa ira, de nossa inveja, de nosso orgulho, etc.
A causa de nossos erros e, por conseguinte, de nosso sofrimento é o ego, nosso defeitos psicológicos..
O mundo seria um paraíso se as pessoas eliminassem de si mesma essas abominações inumanas.
Não é possível ter uma conduta reta se somos manipulados pelos defeitos psicológicos.

Conforme vamos eliminando nossos próprios defeitos o carma referente a tal ou qual defeito vai sendo perdoado. Isto é a misericórdia.

Nunca devemos protestar contra nossa situação cármica, pois isso só vem a agravá-la.
O Carma é um remédio que nos aplicam para que vejamos nossos maiores defeitos e que normalmente são a causa de nosso sofrimento.