O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo ardentemente interessado em obras de caridade, admoestou-o, dizendo que ele, não espírita, desistira da beneficência, desde muito.
E alegava que todos os gestos de bondade que praticara somente haviam encontrado a secura como resposta.
Sempre ingratos por toda parte.
O espírita, no entanto, chamou-o à rua e deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de passagem.
O amigo, embora contrafeito, atirou a curiosa vianda para o animal, com marcante desprezo.
O cachorro aproximou-se da oferta, abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado, rabo entre as pernas.
O espírita tomou de osso igual para socorrer outro cão esfaimado na via pública.
Entretanto, mudou de jeito. Chamou o animal com carinho humano. Dirigiu-lhe palavras amigas. Alisou-lhe o pêlo. Afagou-lhe as orelhas. E deu-lhe o bocado com as próprias mãos.
O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu lado, contente, a lamber-lhe as mãos. E ambos os amigos anotavam, admirados, o efeito do amor no gesto beneficente.
*
Estenda, sim, quanto puder, as obras de caridade. Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.
Por Valérium
In Bem-Aventurados os Simples
psicografia de Waldo Vieira, Ed. FEB
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