quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ALGUMAS PALAVRAS DE RAMATÍS SOBRE JESUS


PERGUNTA: — Que dizeis de certos autores, alguns sin­ceros e outros apenas talentosos, quando asseguram que Jesus foi apenas um "mito" e jamais existiu fisicamente no seio da humanidade terrena?
RAMATíS: — E' indiscutível que Jesus não só compro­vou as predições do Velho Testamento, como ainda corres­pondeu completamente às esperanças do Alto na sua missão espiritual junto aos terrícolas. Os profetas tentaram comu­nicar aos judeus as premissas principais da identificação do Messias, assim como o tempo de sua vinda ao orbe, pois asseguraram que Israel seria o povo eleito para tal evento tão importante. Conforme as predições de Isaías (Cap.II, vers. 6 a 8), depois do advento do Salvador, todas as coisas se ajustariam, pois até o "cordeiro se deitaria com o lobo, o leão comeria a palha junto ao boi e um pequeno menino conduziria as feras". E as profecias ainda advertiam a raça de Israel, eleita para o advento do Messias, quanto à sua queixa, mais tarde, ao exclamar que "o povo para o qual viera, não o conhecera". Corroborando tal predição, os ju­deus de hoje ainda adoram Moisés, profeta irascível, vinga­tivo e até cruel; e olvidam Jesus, pleno de amor, bondade e renúncia, porque, realmente, "ainda não reconheceram o seu verdadeiro Messias"!
Efetivamente, causa estranheza o fato de certos auto­res ainda considerarem Jesus um mito ou embuste religioso, e lhe negarem a vida física e coerente na Terra. Em ver­dade, Jesus é justamente o ser cada vez mais vivo entre os homens; pois a sua doutrina, crescendo em todos os sentidos, já influencia até os povos afeiçoados aos credos de outros instrutores. Se o fulgor da Roma de Augusto ofuscou os historiadores da época, fazendo-os ignorar a figura de Jesus, isso não o elimina da face da Terra, nem o desfiguram as lendas semelhantes já atribuídas a Adonis, Crisna, Buda, Orfeu, Átis, Osíris, Dionísio ou Mitras. Apesar das inequí­vocas referências históricas sobre Aníbal, Júlio César, Carlos Magno ou Napoleão; ou mesmo sobre filósofos excepcio­nais, como Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Spinoza ou Marco Aurélio, eis que Jesus, o "mito", sobrepuja, em cele­bridade, a todos esses homens famosos!
Por que Jesus, o "mito", supera a realidade e vive cada vez mais positivo e imprescindível no coração da humanidade terrena, enquanto famosos personagens "históricos" arrefecem no seu prestígio através dos tempos? Em verdade, os homens já experimentaram todas as filosofias, reformas religiosas e todos os códigos morais e sociais, e, no entanto, não lograram uma solução definitiva para os seus problemas angustiosos. A humanidade terrena do século XX, cada vez mais neurótica e desesperada, pressente a sua derrocada inevitável, ante o requinte e a fúria dos mesmos conflitos odiosos e guerras fratricidas do passado! Os homens da caverna não evoluíram nem se humanizaram; apenas trocaram o tacape pelo revólver de madrepérola, ou o porrete pela metralhadora eletrônica! Matava-se a pedras e paus, um de cada vez; hoje, mata-se urna civilização derretendo a sob o impacto da bomba atômica! Paradoxalmente, não é a cultura e a experiência real transmitidas pela História o fundamento convincente para solucionar os problemas humanos tão aflitivos na atualidade.  As criaturas estão tomadas pela desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não lhes ameniza a angústia do coração; descrêem de todas as inovações sociais e educativas, que planejam um futuro brilhante mas não proporcionam a paz de espírito! No entanto, Jesus, o "mito" esquecido pela história pro­fana, ainda é o único medicamento salvador do homem mo­ral e psiquicamente enfermo do século atual! Só o seu Amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa! Se Jesus fosse fruto da fantasia religiosa, então teríamos de concordar com a inversão de todos os valores do conheci­mento humano, a ponto de não distinguirmos o fantasioso do real! Que força poderosa alimentou a vivência desse Mes­tre Cristão "imaginário", fazendo-nos reconhecer-lhe um porte moral e espiritual do mais alto quilate humano? Qual­quer homem pode negar a existência de Jesus; porém, ja­mais há de oferecer ao mundo conturbado e corrupto uma solução mais certa e mais eficaz do que o seu Evangelho!

PERGUNTA: — A fim de Jesus de Nazaré, elevado ins­trutor espiritual, conseguir baixar à Terra e encarnar entre nós, houve necessidade de providências excepcionais, ou tal acontecimento obedeceu somente às mesmas leis comuns que regulam a encarnação dos espíritos em geral?
RAMATíS: — O nascimento de "Avatares" ou de altas entidades siderais no vosso orbe, como Jesus, exige a mobi­lização de providências incomuns por parte da técnica transcendental, cujas medidas ainda são ignoradas e incom­preendidas pelos terrícolas. É um acontecimento previsto com muita antecedência pela Administração Sideral 1, pois do seu evento resulta uma radical transformação no seio espiritual da humanidade. Até a hora de espírito tão eleva­do vir à luz no mundo terreno, devem ser-lhe assegurados todos os recursos de defesa e assistência necessários para o êxito de sua "descida vibratória".
Aliás, para cumprir a missão excepcional no prazo mar­cado pelo Comando Superior, o plano de sua encarnação também prevê o clima espiritual de favorecimento e divul­gação de sua mensagem na esfera física. Deste modo, encar­nam-se com a devida antecedência, espíritos amigos, fiéis cooperadores, que empreendem a propagação das idéias novas ou redentoras, recebidas do seu magnífico Instrutor, em favor da humanidade sofredora.
Jesus foi um "Avatar", ou seja, uma entidade da mais alta estirpe sideral já liberada da roda exaustiva das reen­carnações educativas ou expiatórias. Em conseqüência, a sua encarnação não obedeceu às mesmas leis próprias das encarnações comuns dos Espíritos primários e atraídos à carne devido aos recalques da predominância do instinto animal. Os espíritos demasiadamente apegados à matéria não encontram dificuldades para a sua reencarnação, pois em si mesmos já existe a força impetuosa do "desejo" impe­lindo-os para a carne.
No entanto, Jesus, o Sublime Peregrino, ao baixar à Terra em missão sacrificial e sem culpas a redimir, para faci­litar o seu ligamento com a matéria, viu-se obrigado a mobi­lizar sua vontade num esforço de reviver ou despertar na sua consciência o desejo de retorno à vida física, já extinto em si há milênios e milênios. A fim de vencer a distância vibratória existente entre o seu fulgente reino angélico e o mundo terreno sombrio, ele empreendeu um esforço indes­critível de "auto-redução", tão potencial quanto ao que um raio de Sol teria de exercer em si mesmo para conseguir habitar um vaso de barro. Os espíritos inferiores são arras­tados naturalmente pelos recalques dos "desejos" que os impele para a vida carnal, e assim ligam-se à matriz uterina da mulher, obedecendo apenas a um imperativo ou instinto próprio da sua condição ainda animalizada. Em tal cir­cunstância, os técnicos siderais limitam-se a vigiar o fenômeno genético da Natureza. Trata-se de encarnações que obedecem aos moldes primitivos das vidas inferiores, cujos espíritos compõem as "massas" inexpressivas da humanida­de terrena. Mesmo depois de desencarnados, mal dão conta de sua situação, porque ainda vivem os desejos, as emoções e os impulsos da vida psíquica rudimentar. Sem dúvida, o Senhor não os esquece no seu programa evolutivo, orientan­do-os, também, para a aquisição de consciência espiritual mais desenvolvida.
No caso de Jesus, tratava-se de uma entidade emancipa­da no seio do sistema solar, uma consciência de alta espiri­tualidade, que não podia reajustar-se facilmente à genética humana. Tendo se desvencilhado há muito tempo dos liames tecidos pelas energias dos planos intermediários entre si e a crosta terráquea, ele precisaria de longo prazo para, na sua descida, atravessar as faixas ou zonas decrescentes dos pla­nos de que já se havia libertado. E então, para alcançar a matéria na sua expressão mais rude, teve de submeter-se a um processo de abaixamento vibratório perispiritual, de modo a ajustar-se ao metabolismo biológico de um corpo carnal. Jesus não poderia ligar-se, de súbito, à substância grosseira da carne, antes que a Ciência Divina lhe proporcio­nasse o ensejo favorável e as providências indispensáveis para uma graduação de ajuste à freqüência comum da Terra.

PERGUNTA: — Poderíeis citar-nos mais alguns exem­plos quanto à necessidade de Jesus reduzir propriamente o seu perispírito para alcançar a carne?
RAMATÍS: (...) Atendendo a vossa pergunta, recomendamos sobre o assunto a leitura de todo o Capítulo XIII, inserido na obra mediúnica "Missionários da Luz", no qual se estuda o mecanismo da reencarnação de uma entidade com algu­mas prerrogativas a seu favor. Citando pequenos tópicos desse livro, (...) onde os técnicos se dirigem ao espírito de Segismundo, a entidade reencar­nante, e assim lhe dizem: "Dê trabalho à sua imaginação criadora. Mentalize os primórdios da condição fetal, for­mando em sua mente o modelo adequado." Além, lereis: "Agora continuou o instrutor — sinto­nize conosco relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua neces­sidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem!"
Ainda na mesma página, o autor elucida: "A ope­ração não foi curta, nem simples. Identificava o esforço geral para que se efetuasse a redução necessária." É evidente que ainda não estamos em condições de compreender o proces­so sideral da descida de Jesus, cujo tempo do calendário humano despendeu quase um milênio no esforço de auto-redução antes de atingir a Terra. Se uma encarnação tão simples, como relatam espíritos credenciados no Espaço, pelas obras que citamos, exige tais recursos e mobilizam assistência superior, imaginai a atividade angélica durante um milênio preparando e consolidando o advento do Mes­sias à Terra! E a mesma obra ainda confirma essa assistên­cia superior quando assim diz: "Em todo o lugar desenvolve-se o auxílio da esfera superior, desde que se encontre em jogo o trabalho da Vontade de Deus. Entretanto, devemos considerar que, em tais circuns­tâncias, as atividades de auxílio são verdadeiramente sacri­ficiais. As vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio comprometem os nos­sos melhores esforços..."


Ramatís, por Hercílio Maes
In Sublime Peregrino, Ed. Freitas Bastos 1964

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