quarta-feira, 27 de julho de 2011

O SAL DA TERRA

MATEUS, Cap.V, v.13-16. - MARCOS, Cap.IX, v.49 e Cap.IV, v.21-23. - LUCAS, Cap.XIV, v.34-35; Cap.VIII, v.16-17; Cap.XI, v.33-36

Sal e luz da terra. - Lâmpada. - Nada oculto que não venha a ser manifesto e nada secreto que não venha a ser conhecido e a tornar-se público.

MATEUS: V. 13. Sois o sal da terra. Se o sal perder a sua força, com que se salgará? Para nada mais servirá senão para ser posto fora e pisado pelos homens. - 14. Sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre um monte não pode ficar escondida. - 15. E ninguém acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire; coloca-a num candeeiro a fim de que ilumine a todos os que estão na casa. - 16. Que assim também a vossa luz brilhe diante dos homens; que eles vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus.
MARCOS: IX, v. 50. O sal é bom, mas, se se tornar insípido, com que temperareis? Tende sal em vós e conservai entre vós a paz.
IV, v.21. Dizia-lhes: Porventura vem a lâmpada para ser posta debaixo do alqueire ou da cama, ou para ser colocada no candeeiro? - 22. Porque, nada há secreto que não venha a ser manifesto, nada oculto que não venha a ser público. - 23. Ouça quem tenha ouvidos de ouvir.
LUCAS: XIV, v. 34. O sal é bom, mas se se deteriorar, com que se há de temperar? - 35. Não servirá mais nem para a terra nem para a estrumeira; será posto fora. Ouçam os que têm ouvidos de ouvir.
VIII, v.16. Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a cobre com um vaso ou a coloca debaixo do leito; põe-na no candeeiro a fim de que os que entrarem vejam a luz. - 17. Porque, nada há oculto que não venha a tornar-se manifesto, nada secreto que não venha a ser conhecido e a fazer-se público.
XI, v. 33 Ninguém acende uma lâmpada e a coloca em lugar escondido ou debaixo de um alqueire; coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entrarem vejam a luz. – 34. Teu olho é a lâmpada do teu corpo; se teu olho é simples, todo o teu corpo será luzente; mas, se for mau, todo o teu corpo será tenebroso. - 35. Toma, pois, cuidado: não seja treva a luz que está em ti. - 36. Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem que haja nele parte alguma tenebrosa, todo ele luzirá e te iluminará, qual se fora brilhante lâmpada.

Temos que vos explicar figuras que, entretanto, não são veladas para espíritas.
O sal, aqui, representa os ensinos que o homem traz consigo e que deve espalhar em torno de si. Sua moralidade, seu amor a Deus, sua submissão às leis divinas e, por conseguinte, a observância de todos os mandamentos que venham do Senhor e do seu Cristo é o sabor do homem. Se, arrastado por maus instintos, o homem deixa de ter presente o fim que lhe cumpre atingir e os meios de consegui-lo, perde o seu sabor e é posto fora. Quer dizer: o Espírito culpado, que faliu nas suas provações terrenas, é submetido, primeiro, à expiação na erraticidade, mediante sofrimentos ou torturas morais apropriados e proporcionados às faltas ou crimes cometidos, depois, à reencarnação, conforme ao grau de culpabilidade, quer no vosso mundo, quer em planetas inferiores a este, onde, por meio de novas provações, terá que reparar e expiar aquelas faltas e progredir.
Será posto fora. Ouça o que tem ouvidos de ouvir. Na época em que, tendo de completar-se a regeneração humana, o vosso planeta só deva ser habitado por bons Espíritos, aquele que até então houver permanecido culpado, rebelde, será afastado e lançado nos mundos inferiores, onde irá expiar, durante séculos, sua obstinação no mal, sua voluntária cegueira.
Quanto ao mais, precisareis vós, espiritas, que vos expliquemos a figura do sal da terra, da luz do mundo e da lâmpada que ninguém coloca, depois de acesa, debaixo do alqueire ou da cama, mas no candeeiro, para que os que entrem na casa vejam a luz e sejam alumiados?
As palavras de Jesus a esse respeito se aplicam a todos os tempos e a todos os homens que se tornam apóstolos de uma revelação para propagá-la pelo exemplo e pela palavra.
Sois hoje, para a nova revelação, "o sal da terra, a luz do mundo", como os discípulos do Cristo o foram para a revelação que ele trouxera com a palavra evangélica.
Será preciso que se vos diga: Recebestes a luz, porém não para vosso uso exclusivo; tendes que a repartir com os vossos irmãos, dando a cada um de acordo com as suas necessidades? Esclarecei-os, portanto; sede o facho portador dessa claridade bendita; agitai-o para que seus raios penetrem por toda a parte e todos sejam alumiados.
Referiam-se ao futuro estas palavras de Jesus:
“NADA há oculto que não venha a ser manifesto, NEM secreto que não venha a ser conhecido e a fazer-se público: ouçam os que têm ouvidos de ouvir."
Ele apropriava aos homens da época os ensinos que lhes dava e que eram sementes destinadas a frutificar no porvir. Seus discursos velados teriam que ser compreendidos pelas gerações porvindouras. Apenas alguns homens estavam então em condições de lhes apreender o sentido: os que não os tomaram ao pé da letra, que lhe procuraram o espírito, que compreenderam não ter tido Jesus por missão opor uma barreira à inteligência humana, traçando-lhe determinados limites, e sim abrir o espaço e o futuro diante dos Espíritos progressistas.
O Cristo falava por figuras e símbolos, porque a inteligência humana não dispunha ainda de força bastante para suportar o peso das revelações que se ocultam sob o véu daqueles símbolos e figuras. Julgai-o por vós mesmos, que ainda agora vergais debaixo de tal peso.
Nada do que o homem deva saber permanecerá oculto e o homem chegou ao ponto em que a sua ciência terá que crescer rapidamente. Entretanto, não suponhais, tomados de orgulho, que vos acheis no momento da realização de todas as coisas. Vossos Espíritos estão ainda muito carregados de trevas. Ainda sois como as crianças inexperientes que imprudentemente se aproximam do fogo e se queimam de modo cruel. Tomai cuidado; vigiai-vos. Aquecei-vos na fornalha que Deus vos prepara, mas tende a prudência de Moisés. Não vos avizinheis demais da sarça ardente, que correríeis o risco de ser consumidos pelas chamas.
Paciência. Deus prepara grandes acontecimentos para a vossa regeneração. Aguardai-os seguindo a passo lento, mas sem desvio, a rota que vos traçamos. Conduzir-vos-emos ao ponto de onde parte a luz infinita, porém deixai que estendamos asas protetoras sobre os vossos olhos ainda muito fracos para lhe contemplarem os intensos raios.
Na consciência tendes o facho do vosso espírito, do vosso coração. Se ela for pura, tereis iluminados um e outro. Tudo neles será luminoso, pois que vos vereis assistidos, inspirados e protegidos pelos bons Espíritos. Se for impura, má a vossa consciência, de trevas se vos encherão o coração e o Espírito, visto que vos tomareis presas dos Espíritos do erro e da mentira, dos maus Espíritos.
Tomai sentido com a vossa consciência, a fim de que essa luz existente em vós não se transforme, para os vossos corações e Espíritos, em verdadeira treva pela impureza de ambos. Conservareis a paz entre vós, se ensinardes pelo exemplo o que pregais.

J-B. Roustaing
Os Quatro Evangelhos
Trad. Guillon Ribeiro Ed. FEB

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